sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

NADA PODES ME ATINGIR

NADA PODES ME ATINGIR...
Nada podes me atingir, foi Dona Benedita, minha madrinha, negra forte, forte por demais, com seus poderes mágicos e divinos. Benzeu-me ainda pequeno, criança franzina, cabeça grande, por isso, diziam, esse é inteligente, cabeça grande, cérebro grande, muitos neurônios, Tai a explicação. Mas aquelas canelinhas finas, baixa estatura, quase raquítico. Esse vai precisar de sorte, Dona Benedita, ou Dona dita como quiser, me benzeu com reza braba, a mais forte que sabia. Cobra não me morde, cachorro também não. Não tenho medo de mal olhado, não sou homem assombrado, abelhas, só o mel, doce com cheiro de flor, foram tantas e apenas sobrevoaram-me a cabeça, marimbondo mora na minha varanda, mais caso contrario, urine na terra, faça um barro com boa liga e espalhe sobre local, não há remédio melhor, foi madrinha Benedita que me ensinou.
E assim eu sou, estou sempre correndo atrás de alguma coisa que me de prazer, sou divertido e ao mesmo tempo engraçado. Nunca corri ou foi preso pela policia, quase todos são meus amigos. Dona Benedita me botou no olhar o melhor jeito de olhar, de conquistar. Por onde passei só amigos deixei, por isso durmo tranqüilo, acordo cedo para ver a cantoria dos passarinhos, são pássaros pretos, bem-te-vis e sabias, e assim durante o dia vou me esgueirando pela sombra. Gosto de Raul Seixas e da sua simples filosofia, quase prefeita, não é mesmo amigo Pedro? Aonde você vai, eu também vou e tudo bem. Gosto do clássico Rolling Stones, a eletricidade de suas musicas. Sou amigo do rei, acho que foi que Madrinha Benedita que me fez, por isso sou feliz, por isso tomo uma branquinha no boteco, jogo bilhar, depois de tomar a saideira, que nem sempre não é a saideira , vou embora, já era hora, o tempo estava avançado, era mesmo hora de chegar.
Mas sempre lhe levo um agrado, todas elas gostam, conto uma estória, e tudo bem. Afinal estava apenas no boteco, bebendo, jogando bilhar, veja, ele ate esqueceu um giz atrás da orelha, nem adianta querer mentir, que estava em outro lugar.
Sou filho de baiano bravo, como os próprios baianos e inteligente como os novos baianos e outros baianos, me orgulho da minha terrinha, baiano sim, apesar de ter nascido em Goiás, minha mãe já veio comigo na barriga, um baianinho gerado lá e nascido aqui. Nasceu um baiano em Goiás, nasci de sete meses, um baianinho, com cara assustada e olhos espertos, carente mamei ate os três anos, e foi difícil do peito largar. Quem será esse moleque, com esse jeito, bom sujeito não será, passa aqui moleque ou vai querer apanhar?
Mas sou baiano, cabra arretado, cara feia não me assombra, santo forte, corpo fechado, sexta-feira lua cheia, não sou mais o mesmo, por isso quando chegar em min. Chegue com cuidado, peixe bom é peixe o fisgado, mulher boa é carinhosa. Mulheres, todas elas é preciso saber tratá-las, com carinho e jeito. Não podemos maltratá-las.
Gosto de contar estórias, casos da vida, que já vi passar, as vezes conto outro caso, só quem viveu pode entender, já viajei pra outros cantos, vi encantos, de outros mundos, deuses diferentes, acredite não, e só uma estória, só uma estória
Mas assim vou vivendo meu dia a dia, andando por ai, falando em português, provocando com meu baianês

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